sábado, 2 de junho de 2012

Tô co soooooono....

Guaranazinho ralado, demais de bom!
Quanto foi perdido em nome dos novos tempos? Não dá nem pra contar. Mas dá uma sensação boa quando o que foi rechaçado, motivo de chacotas e risadas, é reconhecido como sabedoria e conhecimento. Um dos hábitos que quase foi abandonado, eis que volta com a corda toda: a gostosa e benéfica sesta.

Em Cuiabá, antes, bem antes... era comum o comércio fechar suas lojas a partir do meio dia e retornar lá pelas duas horas da tarde. Os viajantes e o povo que veio pra cá trataram de levar e espalhar no “sul maravilhava” não só o costume cuiabano. Acrescentaram ao fato, a fama de que o povo daqui era preguiçoso.

Registre-se, entretanto, que em alguns bairros de Cuiabá, pequenos comércios ainda fecham pouco depois do meio dia e só reabrem após as duas. “Nesse horário não vem quase ninguém, só ladrão”, disse um  comerciante.  

Imaginem um lugar onde não se precisava morrer de preocupação e de trabalhar para conseguir o alimento de todo dia pra família? Peixe em abundância e de várias espécies; água e terra a perder de vista. Mandioca, abóbora, banana, feijão, arroz; era só plantar e colher. E que tal essa: sair depois da chuvarada pra catar pepitas de ouro nas ruas, lavadas pela água celestial. Já viu um negocio desse?



Roça de mandioca (Foto: Laércio Miranda)

Nos idos tempos, tudo tão distante, tudo tão longe... Ganância... sempre tem quem quer mais: é do ser humano. Mas, aqui era sem ostentação. Até porque, dinheiro mesmo, necas! Só terra, água, gado, casa, família... E todos tinham isso por aqui. Uns mais outros menos!


Mas a sesta não passa só por aí. Pela tranquilidade e abundância. Tem  a ver com o entendimento da natureza. Num lugar quente, onde o almoço é a principal refeição que vem munida de sustância e mais sustância, o corpo há de pedir uns minutos do precioso tempo pra digerir essas delícias. O processo de digestão é complicadíssimo. O cérebro comanda uma atenção especial para desempenho da função. O sangue concentra na regiçao mais solicitada e por isso ocorre um pequeno déficit em outras, por momentos. Daí a gostosa sonolência...  

A rede (G. Courbet)

A vontade que dá mesmo é de dar uma deitadinha, de “puxar a palha”, “queimar a pestana”, “fazer o quilo” e por que não aproveitar se der e fazer “aquilo”. E ainda morgar, conforme se dizia num passado ainda recente. Mas, quem falou que essa correria nefasta desta era ultra-pós-moderna permite esse refresco pro corpo? Assim sendo, o negócio é aproveitar os finais de semana pra fazer – e fazer bem feito, a tal da sesta.

Diz que tá posando...

Para algumas pessoas meia horinha ou até quinze minutos bastam. Outros prolongam por duas horas ou mais. Os primeiros acordam refeitos, com pilha nova, para o restante do dia. Os outros costumam acordar de mau humor e com o tal gosto de guarda chuva na boca. Em ambos os casos, um guaranazinho ralado cai bem.

A medicina constatou que dormir depois do almoço, hábito adquirido com os espanhóis, é salutar. Hoje muita gente e empresas modernosas, que primam pela qualidade de vida de seus funcionários, vem adotando essa prática. O mito da preguiça caiu. E outros vêm na rabeira, como o da lauta refeição matinal, por estas bandas denominado de quebratorto. É do bem! O estilo das antigas. Não somente restabelece práticas e hábitos, de forma folclórica e saudosista. Essa retomada vem chancelada por pesquisas e estudos que confirmam sabedoria e garantia de saúde. Chupa essa, manga!


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