quinta-feira, 14 de junho de 2012

Sua mãe também?

Alfonso Cuarón mandando muito bem

Ser adolescente não é mole não. Administrar um corpo praticamente adulto, só que com toda aquela explosão hormonal e, o pior de tudo, ainda estar distante da maturidade. É barra. Mesmo quando os jovens pensam que a adolescência já ficou pra trás, e que já ‘viraram’ homens... qual nada. O cineasta mexicano Alfonso Cuarón realizou um belo filme que viaja por  essa temática com muita espontaneidade. Sorte de quem já assistiu “E sua mãe também”, curioso título para esta produção de 2001, que marcou a estreia do ator também mexicano, Gael Garcia Bernal.
Diego Luna e Gael Garcia Bernal 

Maribel Verdú sensualíssima

A história gira em torno de dois jovens amigos, de famílias classe média, que namoram duas moças, também amigas. Exatamente no momento em que elas estão quase embarcando para uma viagem a Europa. Os rapazes, tudo leva a crer, vão se esbaldar com a ausência das namoradas. Mas, não deixam de lado a possibilidade das moças e aventurarem sexualmente com mancebos europeus. E a narrativa vai rolando livre, leve e solta, naturalmente. Prendendo a atenção dos espectadores.

As relações familiares, a sexualidade e a amizade sincera entre eles é que vai ditar o desenrolar da trama. Outros personagens secundários vão surgindo e passando quase que batidos pelo enredo, menos uma. A mulher mais velha, balzaquiana, desejosa e sensual. Está armado o nosso triângulo amoroso. E da ambiência urbana da burguesia mexicana, eis que a película se transforma num road movie, ao melhor estilo.
As belas e áridas paisagens mexicanas e sua população rural sofrida entram na rota desse trio que experimenta um sinuoso e impreciso itinerário, em busca das mais lindas praias desertas que existem no litoral do México.  O filme tem seu áudio natural cortado abruptamente várias vezes, quando entra uma narrativa em off que acrescenta novas informações sobre os personagens e sobre assuntos que parecem caber naquela altura. Esse recurso, digamos, manjado, cai bem. Altera o ritmo, provoca o humor, joga pimenta e enriquece a trama.

Chama atenção a forma autêntica e plena de liberdade como o diretor trata as questões e as cenas pertinentes ao sexo. Diálogos e imagens que, facilmente, poderiam descambar para o mau gosto apelativo, são desenvolvidos com muita habilidade. Quando menos se espera, neste filme, o espectador se pega perguntando: “o personagem disse isso mesmo?”... “foi isso mesmo que eu vi?”. E sem torcer o nariz.  
Agora o que que é esse?

“E sua mãe também” conquistou prêmios em festivais como o de Veneza, o de Havana e o Independent Spirit Awards; além de indicações para o Oscar, o Globo de Ouro e o Bafta. No México causou grande estardalhaço, transformando-se numa das principais referências da cinematografia daquele país.  

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