segunda-feira, 25 de junho de 2012

Dublê de voz

Filme dublado ou legendado? Preferimos com legendas. Não tem nada a ver com nossos conhecimentos idiomáticos. Estamos longe de dominar a língua inglesa, alemã, francesa, espanhola... Embora nos safemos em caso de apuro ou de sobrevivência na selva. Aquele inglês. Nesse caso, uma tecla SAP... Vixi... danou-se!


As legendas, em nossa discreta opinião, influenciam menos, negativamente, na autenticidade do filme. A dublagem, não. É uma violência no aspecto interpretativo/sonoro da obra. Pra quem achar um exagero, tudo bem... é uma violência consentida. Esse repúdio em relação à dublagem nos coloca em mais uma minoria. E, nos últimos quatro anos, essa minoria diminuiu ainda mais, já que cresceu a opção por filmes dublados.

Essa preferência tem se acentuado ao ponto de nem ser necessária uma pesquisa. Os administradores dos cinemas simplesmente repararam nisso e oferecem mais e mais projeções dubladas, para atender à demanda.


Meg Ryan em Harry e Sally: como dublar um orgasmo

Para os mais exigentes a dublagem não cola mesmo. Mas não é apenas a questão de um filme estrangeiro ter seus personagens falando em português. Passamos por uma situação estranha ao assistir um filme que discorria sobre o final da vida do escritor russo Leon Tolstói, em inglês! A língua russa é muito sonora e única. Tudo bem que Christopher Plummer e Helen Mirren no elenco amenizaram, mas, faltou a língua mãe do autor de Guerra e Paz. Por isso, pecou.

Jean Hagen dublada por Debbie Reynolds em "Cantando na Chuva"


Será que é coisa de gente metida a intelectual? É engraçado que na França e na Espanha, onde a população certamente é mais intelectualizada, os filmes legendados são exceção. Eles preferem os dublados, porque valoriza a língua pátria e também favorece o mercado da dublagem.
 
Houve um tempo em que nas dublagens brasileiras a voz de velhos e de crianças parecia ser sempre as mesmas. E é do Brasil o dublador na ativa mais velho do planeta, o famoso Orlando Drummond, mais conhecido como “Seo Peru”, personagem da Escolinha do Professor Raimundo. “Está comigo porraqui”.


"Está comigo porraqui"

Não dá pra negar que o cotidiano de um estúdio de dublagem é algo muito curioso. Remete às antigas novelas de rádio. Os dubladores ficam ali emparelhados mandando ver seus textos e diálogos, com suas vozes carregadas de emoção, drama, humor... Verdadeiros artistas da voz.





E também é inegável que um filme legendado rouba preciosos instantes de uma plateia que, em vez de se preocupar com a legenda, bem que poderia estar atenta na fotografia, no trabalho dos atores, na luz etc. Convém acreditar que adicionar vozes em outro idioma aos personagens de filmes vem evoluindo e há muito talento nessa história.
 
Mas vozes como a de Don Vito Corleone, interpretado por Marlon Brando, em “O Poderoso Chefão”, são praticamente insubstituíveis. Dublar o grande artista que encarnou um personagem dessa magnitude é uma missão impossível além de ser uma afronta.

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