sábado, 5 de maio de 2012

Fazendo a cabeça

Abrir a modesta caixinha de papelão não gera nenhuma resistência. Um “oh!” de espanto, admiração e alegria escapa diante das 100 lindas peças brilhantes alinhadas. A prova incontestável de que o designer agregado à funcionalidade é eterno. Estamos falando de grampos. Ou ramonas, ou invisíveis. 

Os grampos, ramonas, invisíveis surgiram quando os persas necessitaram de algo para unir blocos de pedras em construções. Entortaram uma peça de metal fazendo duas pontas e inventaram a ferramenta que se adequou perfeitamente aos seus objetivos. E daí pras cabeças femininas... um pulo... Não encontramos nenhum registro preciso sobre como os grampos foram parar nas cabeças. Mas nem precisa, temos memória.

Tão feminino quanto usar batom (em público), calçar um sapato modelo Chanel (aquele aberto no calcanhar), lixar unhas (descontraidamente), fazer uma pinta falsa sobre os lábios (claro que  depois de molhar o lápis creom na boca), é prender e soltar malemolente os cabelos com (ou dos) grampos. Mais feminino é abrir uma das pontas com os dentes. Charme de arrasar. Coisa que muitas fazem, poucas divinamente.





Algumas décadas passadas, os salões de beleza eram verdadeiros ateliês. Construíam, a base de bobs, laquê, Bombril, entre outras coisas, e muiiitos grampos, maravilhosas esculturas. Diferente dos salões atuais que vendem as facilidades dos lisos e super lisos, à base da química e do calor alisante das chapinhas, criando modelitos únicos ao estilo “Maga Patalógica”.





Esse negócio de alisamento é um baita negócio. O desejo por cabelos lisos é paranoico. Eu vi, confesso que vi, mulheres alisando seus cabelos com garfos quentes. Guardei na memória olfativa o cheiro de cabelos queimados, mas, depois de prontos... lindos! Lembro-me de mulheres fazendo toucas para alisar os cabelos. Nada a ver com toucas de crochê ou tricô. É assim: vai se esticando o cabelo em volta da cabeça e prendendo com grampos. Depois de um tempo, faz no sentido contrário. Quando solta é show. Quando fazem aqui em casa, causa susto e espanto. Os homens, também tinham paranoia para domar seus grenhos. Para isso costumavam dormir com toucas na cabeça, desde que ninguém visse. As toucas eram feitas da parte mais larga das meias de seda femininas. Botavam aquilo na cabeça e rodavam os cabelos,  acalmando suas madeixas rebeldes.


A culpa é Vital Sassoon, com seus cortes super-hiper-uber estruturais baseados na escola de Bauhaus,  que colocou a praticidade para a nova mulher que estava desabrochando. A sua criatividade e inventividade tornou os bobs, laquês e grampos démodés.


Senhor e Senhora Sassoon revolucionando

Hoje quando se fala em grampos pensa-se nos grampos telefônicos, que são escutas de conversas por telefone. Putz! e como se conversa e se fala em telefones. É conversa sem tramela. A Polícia Federal, quando grampeia, tem lá suas suspeitas porque sabe que o peixe morre é pela boca.  


Os grampos, ramonas e invisíveis (era assim que chamavam, pelo menos aqui em Cuiabá) são lindos e funcionais, muito além do que passa pelas cabeças femininas. Quem nunca viu num filme uma cela ou um cadeado serem abertos com um grampo de cabelo? Hum!!! Diz! MacGyver faz um estrago!

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