sexta-feira, 18 de maio de 2012

Bem casado

Maio é mês das noivas. Não sabemos por que. Noivar nem é algo mais tão usual. Casar, sim. Não, não sei. Não sabemos. Aqui entra aquela frase que nos acompanha desde o ensino fundamental: depende do referencial adotado. O referencial és tu, querida pessoa que nos lê. Em que ano você nasceu, como a vida te levou e leva e de que forma você amadureceu. Olha, e se não amadureceu ainda, não tem problema nenhum, porque as regras biológicas anotam que depois de maduro, a ordem natural é apodrecer. E isso é muito punk. Podre, né?!

Mês das grinaldas, dos vestidos brancos, dos bem casados, das alianças e juras de amor e fidelidade. Falando dessas coisas, fica a impressão de que estamos levemente defasados. Pra não defasar geral, recorramos ao efeito túnel do tempo e voltemos às noivas. Deixemos os noivos de lado, porque noiva é noiva. Resta ao noivo o papel de coadjuvante. O coitado sequer tem o direito de ver a futuro esposa vestida de noiva, antes da igreja. Noivas tem significação forte na maioria das sociedades. Dito isto, entremos logo na motivação maior para a escrita de hoje: o curso de noiva.

Ele estava se sentindo muito estranho naquele ambiente. Mas, nem por isso, lhe passou pela cabeça abortar a missão. Tava ali por amizade, ajudando um casal de amigos. Ela gravidíssima e ele, o noivo, no Rio de Janeiro fazendo provas finais na faculdade. A família dela pressionando para casarem o mais rápido possível (como mandava o figurino). Têm situações na vida que entramos numas de loucura... Ok, mas substituir o noivo (secretamente) num curso de noivos???? No teatro da vida é um papel secundário, uma figuração. Olhou em volta para reparar nos outros que estavam por ali e...”



A princípio, é uma babaquice, só que nossa política, na medida do possível, é respeitar as pessoas que pensem diferente. E daí que avivou por estes dias um constrangedor e engraçado acontecimento que se deu exatamente num curso de noiva.


“... percebeu de pronto um sujeito que destoava um pouco e sentiu-se solidário a ele. Sem saber qual a razão para isso, pôs-se a pensar agudamente em qual teria sido o motivo dessa solidariedade. Deixou estar e foi cumprindo a sua função.”


Depois de alguns minutos se cansou de ouvir a falação do padre e olhou pra trás de novo, e seu olhar foi direto aos olhos do cabra diferente. Este também o olhava e estava a dois metros atrás dele. O cara lhe sorriu discretamente e foi aí que ele percebeu a razão da diferença que havia notado. Sentiu aquele inconfundível chei...”

Cursos de noivas é o tipo de coisa que ninguém deseja fazer, na verdade. Ontem, hoje e amanhã, por mais que seja a fervorosa a fé de quem vai casar... ora, fazer curso de noiva... o padre dizendo aquelas coisas que você tá cansado de ouvir e de fazer (ou não). É muito chato.




“...ro. Da boca do camarada, que estava a dois ou três metros dele, emanava aquele aroma etílico que todos reconhecemos. A manguaça deixa pistas inapagáveis. Nem um halls preto fortíssimo consegue aplacar esse cheiro encanado. Isso, pra falar apenas de uma das pistas que o álcool deixa. Ele mesmo, que tocava zabumba em uma banda postulante a sinfônica, às vezes, levava descomposturas do maestro... Você bebeu, bebeu de novo! Envolto nessas lembranças, esqueceu-se de onde estava. Voltou a si e ao lugar em corpo presente graças a uma intervenção do homem que dava pintas de alcoolizado, que tinha levantado a mão e se preparava para disparar uma pergunta ao resoluto padre.

Nossa amiga casou e vive feliz com o marido. O noivo substituto (nosso amigo também), vai muito bem obrigado. Como é bom lembrar de acontecimentos divertidos que envolveram a nós ou pessoas próximas. Às vezes, parece que viver é colecionar fatos que tenham nos provocado algum tipo de reação, como uma ou várias lágrimas, ou uma pequena contração facial, se bem que o bom mesmo seria uma sonora gargalhada.


“Uma mão parada no ar. Padre, padre... o senhor falou aí dessas coisas de sexo no casamento, eu gostaria muito saber, disse o cara. O padre muito receptivo encorajou o homem, como que exigindo a pergunta. E ela veio: Padre, e o sexo anal...?”   


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