domingo, 25 de março de 2012

Xilindró geral

                                                     
Deu na Folha de SP: para cada    262 brasileiros adultos há um na prisão! O 
que  representam esses dados? O que nos dizem? Que temos uma polícia e um sistema judiciário que funcionam? Ou que não temos uma política educacional e as oportunidades são discriminatórias?

Se pensarmos que a maioria é de homens, entre 19 e 30 anos; com 1 filho e 1/2,  há quantas famílias desestruturadas? Se excluirmos o percentual dos menores de idade, que não vão pra cadeia, concluímos que um índice muito significativo da nossa população está encarcerado. Fora os ricos, os políticos, empresários etc que, mesmo quando cometem crimes hediondos, não costumam pegar xilindró porque têm dinheiro e um bom advogado faz milagres. Dizem por aí que até corretagem de sentenças é coisa que existe.



Então, estamos numa roubada. Porque é sabido que presos custam caro à máquina pública. Sem contar que recebem uma espécie de pensão, em dinheiro, que varia de acordo com o número de filhos que têm. Será? Resumindo, ficar na cadeia, aparentemente, pode ser um bom negócio. Aparentemente, porque as perspectivas de recuperação e reintegração dessas pessoas, não precisa nem ser um estatístico pra saber, é nula!  


Graciliano Ramos aproveitou a estadia "por conta"
 e escreveu Memórias do Cárcere

Dostoiévski, condenado a trabalhos forçados,
escreveu Recordações da Casa dos Mortos 

E os que estão fora?
Vivemos em condições quase que semelhantes, uma vez que temos nossa liberdade cerceada. Vivemos temerosos, neuróticos, trancados em nossas casas, com cercas elétricas, concertinas, câmeras, guardas de segurança privados, alarmes, trancas, cadeados, correntes, cães adestrados, seguros e o escambau; também somos prisioneiros. Prisioneiros de um sistema social falido e fudido, o qual, não temos sido capazes de mudar.



Mas tudo na vida tem seu lado cômico e essa cena eu vi. Certa vez, fomos cantar num presídio feminino, no Pascoal Ramos. Lá chegamos, como bons samaritanos para soltar a voz! O oficial responsável nos recebeu de uma forma, vamos dizer estranha. Demonstrou certa incapacidade com as palavras e tascou “aqui dentro, só Deus sabe o que pode acontecer com vocês”. Claro que a partir desse momento, os sopranos, contraltos, tenores, baixos e a maestra, ficaram com o tal “cu na mão”.


Tonhão, presidiária interpretada por "La Raia"
Mas, qual nada. Não houve a menor agressividade para conosco entre as detentas. O que aconteceu, o tal fato cômico, foi ouvir de uma das prisioneiras em alto e bom tom, quando preparávamos pra cantar: “Nesse coral aí só umas duas ou três dá pra encarar”!

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