domingo, 11 de março de 2012

Vai passar...

Como é que pode uma noite maravilhosa transformar-se num amanhecer horroroso? Uma noite regada a goles de cerveja e/ou vinho e... o dia seguinte. Ah! aquele problema: a quente e estrelada noite anterior , como num passe de mágica, transforma-se em ressaca, no dia seguinte. Tentar identificar o exato momento da dose (das doses) extras que botaram tudo a perder é besteira. Já foi. Foi, mas deixou lembranças assim de gosto amargo. Que ressaca!!!

Ressaca pode ser encarada de formas diferentes. Uma delas, a primeira, eu diria, é desobedecer o salva-vidas e partir de encontro àquelas ondas monstruosas que só um mar em TPM pode provocar. Outro jeito de enfrentar a ressaca é arrepender-se imediatamente de alguma imoralidade cometida, porque auto perdoar-se também vale neste mundo. E tem aquela outra ressaca que só combatemos com pacoteiras farmacêuticas, mandingas e coisas assim pra lá de fitoterápicas. Orégano não vale.



Se o mar quando quebra na praia é bonito, é bonito... quando ele tá de ressaca é superlativo. Netuno em toda a sua brabeza. P da vida, talvez, com mudanças climáticas. É quando o mar não está nem pra peixe, imagina pra nós; humanos. Uma pessoa que conheço desde uma vida inteira, quando criança e tinha febre, seus delírios eram ver-se perdido na rebentação da praia, com aquelas ondas colossais desabando sobre sua cabeça.

A ressaca moral pode nos acometer. Muitas vezes nem precisamos ou sabemos identificá-la, mas passamos por aquele desconforto psicológico. Uma história me vem a mente é sobre um caso de ressaca moral que fiquei sabendo. Uma amiga aguardava atendimento na sala de espera de um médico, lotado. Sua senha era a de número 136. De repente, uma mulher, provavelmente cansada de aguardar pelo fatídico atendimento ou por outro motivo, desiste e ao sair deixa o se papelzinho sobre o balcão. É a senha. Minha amiga apropriou-se da senha abandonada. Surpresa! Tem dez a menos na sua frente. Levou melhor, a famosa lei de Gerson, levou vantagem.


Pra ressaca moral... não tem remédio!

O que acontece é que na espera que se segue, ela põe-se a pensar se sua atitude foi certa ou errada. E conversamos sobre isso durante um tempo, chegamos à conclusão de que o correto seria pegar a senha abandonada e inutilizá-la. Mas não foi isso que ela fez. Ainda perguntei-lhe se ela estava sentada na frente ou mais atrás na sala. “Por quê?”, indagou-me. Respondi: “Se você estava na frente, certamente, muita gente reparou no que você fez...”. Ela ficou lívida. Foi o clímax, creio, de sua ressaca moral.

Uma outra história de ressaca, pois bem, neste segundo caso, duas mulheres faziam uma viagem e de repente tiveram que pernoitar numa cidade chamada Paredão... Não, pensando bem, era General Carneiro, porque em Paredão não devia existir frigobar naqueles anos. Mas é coisa de pouco tempo atrás. E as duas amigas que viajavam juntas saíram pra noite na cidadela e eis que tomaram todas. Uma delas, na verdade, acabou dando trabalho.



Depois de uma cervejada (tava meio quente) a mais beberrona voltou em estado deplorável ao hotel. Louca pela bededeira e também louca para fazer um xixi, entrou às pressas no quarto do hotel, abriu a porta do frigobar e verteu ali dentro mesmo. É... a marvada faz cada coisa com a gente. Não é preciso dizer que acordou em péssimo estado. Aquela dor de cabeça que parece que vai sair a tampa da cabeça, que nem duas neosaldinas de pancada controlam. No caso ai foram duas ressacas: a moral e a orgânica!


Mictório portátil de Marcel Duchamp


Ressaca aqui em Mato Grosso, pelo menos na região da baixada cuiabana, significa, ainda, uma grota ou depressão (de outro tipo) na superfície de uma área. Esse significado, que também é dicionarizado, já ouvi sair da boca de humildes habitantes do meio rural destas bandas. E agora, dá licença. Hora de tomar mais um estomazil ou coisa que o valha, porque ainda não estou 100% recuperado e preciso sair desse buraco!


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