sábado, 24 de março de 2012

querido diário

A deusa de gelo
Fazer o Tyrannus cabe direitinho na auto-descrição de Rubem Braga: “Sempre escrevi para ser publicado no dia seguinte. Como o marido que tem que dormir com a esposa: pode estar achando gostoso, mas é uma obrigação. Sou uma máquina de escrever com algum uso, mas em bom estado de funcionamento.” É só uma forma de tentar explicar como os posts são paridos por estas bandas.

Pensamos nos cronistas brasileiros, Rubem Braga, Rubem Fonseca, Dalton Trevisan, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Machado de Assis e Nelson Rodrigues (outros, aqui poupados), que fizeram da prática de escrever e publicar em jornais, a produção industrial, a firmação de um gênero. Ou seria um estilo?




A crônica ainda não é um gênero literário. Alguns a consideram “um conto menor”. Em nossas rápidas incursões no Google vimos que a origem da palavra crônica é latina, chronica, que significa relato de acontecimento em ordem cronológica. Era, até 1799, quando foi publicada pela primeira vez, no Journal de Débats, na França, um registro de eventos.

As várias faces de Rubem Braga 
No Brasil, esse gênero/estilo saiu das redações dos jornais e ganhou as prateleiras das livrarias e caiu no gosto popular, como uma produção literária de alto nível. Perguntaram a Rubem Fonseca, certa vez, o que era uma crônica. Ele disse: “Reparem bem: se não é aguda, é crônica”. Em relação aos contos, Machado de Assis não titubeou: “O conto é tudo isso, sem ser bem isso.”


Cronicamente, Rubem Fonseca

Uma indagação: porque esses escritores (de crônicas), atentíssimos aos eventos do cotidiano, costumam ser tão avessos à mídia, à exposição pública? Por quê?



Por que, então, o tímido Carlos Drummond de Andrade, se expos ao publicar, em 1955, a crônica “Garbo: novidades”, discorrendo sobre uma suposta visita secreta da atriz, a mais enigmática mulher do mundo, a Belo Horizonte, onde teria tido, inclusive, um romance circunstancial? E esse texto tomou dimensões tão grandes que pouco depois, pacato cidadão de Itabira precisou, macunaimicamente, declarar-se mentiroso.  

O mentiroso de Itabira


Pra produzir diariamente não é possível ter amarras ou poitas... A liberdade deve ser absoluta. Assim, Drummond definiu: “é o ofício de rabiscar sobre as coisas do tempo”. Seguimos as pegadas e os vestígios dos grandes mestres preparando a dose diária do Tyrannus. Não se trata de uma comparação com esses escritores consagrados. Não há pretensão.    

O que acontece, pra ser verdadeiros, é que a intenção inicial, hoje, era discorrer sobre os fugitivos da mídia. Os artistas que sempre refugaram os holofotes e exposição midiática. Fugiu do nosso controle, tomou outro rumo, e atracou em outros portos. Tudo bem!

Como sou ignorante, meu Deus!

E ai tá gostando do “Desgracida”?
- Tô, só que o Dalton tá escrevendo poesia...

Depois de um tempo (não sei se horas ou dias), a constatação: Como sou ignorante, meu Deus! Não era poesia é um conto...

Deixa de bobagem. Dalton é uma pacoteira, completa...

 “O monstro”
"- Pai, a mãe mandou chamar o monstro do pai que o almoço tá na mesa.  
- Ei, que história essa de...
- É pro monstro do pai vir logo senão a comida esfria.”
                                                                                                                          (D. T.)

2 comentários:

  1. Tyrannus:
    cronicamente cronistas
    agudamente artistas

    Abçs
    Aclyse

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    1. valeu nobre aclysinho, o fato de assim sermos só pode estar associado a essa história de muito olhar a lua... assim surgem nossas elucubrações

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