segunda-feira, 26 de março de 2012

A noiva do vento

A noiva do vento (Kokoschka)
O programa “Clássicos”, da TV Cultura, oferece periodicamente o mais fino biscoito da televisão brasileira, em matéria de música. Não temos informações a respeito de sua audiência, mas fica aqui a sugestão: assistam! As obras apresentadas dificilmente você verá em outro veículo.
Mais factível, escutá-las.

Além de apresentações de peças com as mais renomadas orquestras, grupos, solistas, regentes... do mundo, às vezes vem em formato de documentários sobre o processo de composição e aspectos da vida de grandes músicos.  

Assistimos despretensiosamente o documentário “5ª. Sinfonia de Mahler”, abordando o período em que ele compôs essa obra, a romântica trilha musical do filme “Morte em Veneza”, de Luchinno Visconti. A musa inspiradora foi sua esposa Alma Mahler. Recorremos ao no nosso alfarrábio (mister Google), como diria o Achilles Tenuta, para conhecer melhor aquela que provavelmente foi a grande femme fatale do século XX. Alma. Só Alma, porque todos nós a temos, mas esta aqui é diferente.


Nascida Schindler, filha de Emil Schindler, artista plástico vienense, que reunia expoentes das artes e da sociedade em sua casa. E Alma cresceu nesse ambiente de efervescência cultural. Coitada. Não sabemos bem se coitada dela, ou coitados dos homens que viveram com ela. Coitada... coitados? Por quê????


Gropius, fundador da Bauhaus


Alma nasceu em 1879, em Viena, e faleceu em Nova York, em 1964. Dizem que o seu primeiro beijo foi de Gustav Klimt. Ela estraçalhou o coração de outro pintor Oskar Kokoschka, conhecido no início do século XX, como o enfant terrible da arte austríaca. Este, abandonado por Alma, criou uma boneca em tamanho natural (sua nova alma), e andava com ela pra cima e pra baixo. Essa vienense de paixões efêmeras e casos ardentes, segundo registros mais discretos, enamorou-se até de um poderoso eclesiástico daqueles tempos.


Quando se casou com Mahler, que era vinte anos mais velha que ela, abriu mão de seu talento, pois ele exigiu que ela se dedicasse totalmente à genialidade da sua música (a de Mahler). Após a perda de uma das filhas e crises depressivas ela partiu para em busca de novos amores. Foi demais para o coração de Mahler. Ele morreu logo em seguida, apesar de tentar reaver sua grande paixão. Segundo Manuel Bandeira, quando se trata de amor, os corpos se entendem, mas as almas não. Talvez assim fosse a alma...

Alma e Mahler, nos bons tempos...

Nosso relato extrapola a vida e arte de alguns de seus célebres amantes, como Walter Gropius, arquiteto fundador da Bauhaus; e o maravilhoso Gustav Klimt. Mahler, por causa de Alma, que o trocara por Gropius, consultou-se com Sigmund Freud. Freud, segundo o documentário, desfiou o seu rosário psicanalítico atendendo pacientemente Mahler. Mas, pela natureza do caso, a poesia de Menotti del Picchia, Juca Mulato, surge naturalmente em nossas memórias, pois nela está ensinado que para curar o mal do amor, o remédio, que é esquecer, dói mais do que a própria doença.
Quando Mahler compunha o resto era silêncio

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