terça-feira, 27 de março de 2012

Ninguém 2012!

Zé Bolo Flor, poeta popular, carregava um santo pra se proteger
 dos prefeitos de Cuiabá!
Nos tempos antigos, Cuiabá era uma mocinha fogosa. Uma moça de “rim quente”, conforme se dizia, principalmente quando era época de eleições... Naqueles tempos as eleições brasileiras eram bipolares. Uma disputa acirrada entre dois partidos políticos: o Partido Social Democrático (PSD) e a União Democrática Nacional (UDN).

Em Cuiabá já foi comum identificar famílias e/ou pessoas como correligionárias desse ou daquele partido. As disputas e embates, nos bastidores, eram brabas. A oratória era uma arma fatal e o carisma favorecia ou não as plêiades. Mas... muito chumbo grosso rolava. Não tinha essa de bala perdida não. Aqui as balas tinham endereço certo. E... olha a faca!!!   

Nas ruas, a baixaria movida a paixão, bebida, pavio curto e muita verborragia fazia o ambiente pegar fogo. Bate boca era comum em bares e lares na época de eleição. Tinha até hora marcada pra começar, nunca pra terminar! As pessoas, independente da classe social, acreditavam nos políticos e defendiam seus candidatos com unhas, dentes e línguas. Línguas ferinas, diga-se de passagem, que eram usadas para colocar o, ou a moral do candidato oponente, abaixo de cu de cachorro.





Nós, que chegamos a Cuiabá no começo dos anos 70, acompanhamos esse tipo de fazer política e ainda tinha o que era bom de se ter na política da época : palanque, preleção, povo, paixão, promessas, putaria... Pouco depois vimos a decadência do processo eleitoral com a chegada dos marqueteiros, dos showmícios, as mídias envolvidas, brindes, compra de votos, gente fazendo campanha por 50 pilas por dia e político endinheirado e sem DNA.  

Os correligionários pagos são engraçados. Na hora do rush balançam as bandeiras de seus candidatos. Quando enfraquece o movimento usam as bandeiras pra se “escorar” e batem longos papos com os correligionários do outro candidato. Na verdade mal sabem o nome do candidato pra quem estão trabalhando. Fazem jus aos candidatos que, muitas vezes, nem sabem o nome por extenso de seu partido.



Aos poucos o povo foi broxando e perdendo a credulidade nos candidatos e depois, nos que votaram, naquele que ganhou e no próprio voto. Esvaziaram-se as urnas, praças, ágoras... E agora?!

“Ideologia”. Assim mesmo, entre aspas. As eleições de antigamente tinham uma pegada “ideológica”, às vezes torta, mas tinha. As aspas são necessárias, porque não é correto afirmar que a população brasileira, em geral, está ou esteve habilitada para discutir ideologia política. Nem nós, claro.


Padre Pombo, claro que à esquerda, era pra ganhar! 
A última campanha que fez o circo pegar fogo, que ousamos registrar aqui em Cuiabá, foi a disputa entre Julio Campos e Padre Pombo para governo do Estado. Foi em 1984. Não podemos negar o nosso envolvimento nesse pleito. O povo vibrava nos comícios do Pe. Pombo! Num deles, o eclesiástico referiu-se ao seu oponente como “o rapazinho saltitante lá da Várzea Grande”. Julio Campos também não deixava pra menos e mandava fogo nos seus comícios. Todo mundo apostava na vitória do Pombo. Pombas! Ganhou porra nenhuma! E até hoje comenta-se a boca de todos os tamanhos, que teve tetra, mas fomos recomendados pela nossa equipe de advogados associados e consultores, a não entrar em detalhes em relação a isso.


"O homem é um animal político" (Aristóteles)

O que nos motivou a fazer este “post” foi essa inércia, pasmaceira, nhaca que virou o processo eleitoral. Que marasmo, “sengraceira”, um enorme vazio. Nunca vimos nada igual (tanto o povo como os candidatos)! Por isso estamos vendo que o candidato que corre o risco de ter o nosso voto e de uma parcela da população é o Ninguém. Sua Campanha está lançada: Em 2012, Vote em Ninguém!

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