domingo, 18 de março de 2012

A bola da vez!



“Ai tatu... tatuzinho, me abre a garrafa e me dá um pouquinho... nhan nhan nhan”. Assim era o jingle de uma das mais populares caninhas brasileiras, a “Tatuzinho”. Nem sei se ainda existe. Aí, se essa pinga estivesse em falta no estabelecimento, você pedia uma dose de “Três Fazendas”. Porque, convenhamos, se em três fazendas você não encontrar um tatuzinho é porque tem alguma coisa muito errada nessa história.




E deu tatu na cabeça! Nada de arara ou papagaio, que estão manjados demais. O símbolo, o mascote da Copa 2014, que o Brasil escolheu é um animal discreto. É o tatu-bola, animal underground que se mete em buracos quando o incomodam. Tem um porém, o tau-bola, espécime escolhida, não é “buraqueiro”. Seus parentes é que se refugiam em buracos. O tatu-bola é um mamífero, do gênero Tolypeutes que tem duas espécies: o Tolypeutes matacuss, encontrado na Argentina, Bolívia, Paraguai e Brasil, especialmente em Mato Grosso, e o Tolypeutes tricinctos, conhecido como o tatu-bola da caatinga. O vencedor foi o tatu-bola Tolypeutes tricinctos, que é o menor dos tatus e endêmico ao território brasileiro. Isto quer dizer que só ocorre no Brasil. O tatu-bola tem a carapaça mais dura do que as dos demais tatus e para se proteger de um ataque , se enrola, adquirindo a forma de uma bola. 






A piada, sem graça, citada no início desse post, tem um fundo de verdade. O tatu-bola, nosso mascote, está na famosa lista da União Internacional para Conservação da Natureza – IUCN, com o status de “em perigo” de extinção.

O tatu é um dos primeiros bichos apresentados aos brasileiros, na mais tenra idade, na fase da alfabetização. A letra “t” vem representada pela figura de um tatu. A palavra tatu, fácil de pronunciar, vem do Tupi onde ta = duro e tu=espesso, em referência à carapaça óssea protetora. 



A escolha do tatu-bola não foi fácil. Dizem que ele disputou parelhas com dois outros animais, a cutia e a paca. Aí, não sabemos ao certo porque, o Ronaldo Fenômeno tascou: paca tatu, cutia não. E ficou entre o tatu e a paca. “Tatu subiu no pau / é mentira de mecê / lagarto ou lagartixa / isso sim é que pode sê”. Letra da marchinha de carnaval de Eduardo Souto, que fez muito sucesso em 1923.

Será que Ronaldo-bola influenciou na escolha do mascote? 

Ou foi esse (Tatoo da Ilha da Fantasia)?

Mas, coitado do tatu, esse exemplar da fauna tupiniquim não costuma ser lembrado positivamente. Jeca Tatu, personagem criado Monteiro Lobato e encarnado por Mazzaropi, era associado com pobreza e ignorância. Tudo bem que há uma certa inocência, mas não deixa de ser depreciativo. A música do Mamonas dizia “comê tatu é bom, só que dá uma dor nas costas”... ruim pro tatu, hein?! E por causa dessa característica subterrânea do bicho, aqui mesmo em Cuiabá, tinha um serviço de saneamento, que atendia a domicílio, chamado “limpa fossa tatuzão”. Ora ora... coitado do tatu, e que falta de respeito com esse bichinho do chão.

Jeca Tatu é a esperteza do matuto

A sugestão partiu da Associação Caatinga, que viu, ao indicar o tatu-bola como mascote da Copa 2014, uma oportunidade de livrar o carismático animal dos perigos da extinção e cravá-lo no consciente coletivo. A fauna brasileira agradece. O tatu-bola também, enquanto aguarda sua oficialização como mascote da Copa 2014 e que de "em perigo de extinção" passe para a "categoria" de distinção.

Vai que é tua...

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