terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Procura-se

Nunca tive grana suficiente pra fazer/ter tudo o que sonhei. Queria muito ser rica e por conta disso sonhava com situações “absurdas”, mas que ainda acredito possíveis de acontecer. Imaginava pegando meu extrato no banco e perceber um depósito considerável na minha conta. E ao indagar incrédula ao gerente o que significava, ele me diria muito secretamente: “não podemos dizer nada, foi alguém que quis ajudá-la a realizar seus sonhos”.  Quando criança eu e meus irmãos inventávamos histórias: um pedinte, que tínhamos saciado sua fome e sede revelava sua verdadeira identidade: um milionário... ou Jesus, o Cristo mesmo, nos recompensando (creio, que aqui nessa vida) por sermos tão boas crianças. Outras vezes o pedinte era um ser extraterrestre que ao receber estupefato um copo d’água, nos daria em troca ou retribuição um imenso diamante. Segundo ele, a água em seu planeta tinha um valor imensurável enquanto o diamante, não tinha valor. E assim... realizaríamos os nossos sonhos terrestres.

Ainda hoje brincamos ao chegar em casa com a possibilidade de encontrar um bilhetinho: Lorenzo, você é um cara muito legal por isso estou deixando...  pra você e Fátima, claro!

Vocé é o cara....
Mas, não nos empenhamos muito pra ficar ricos não fizemos/deixamos de fazer muitas coisas: jogar na loteria, na megasena, concorrer a prêmios ofertados pelos bancos, investir em bolsa de valores, comprar terrenos e casas, poupar.... Ao invés disso, trabalhamos. Única opção que seguimos praticando. Não reclamamos. Temos muita sorte na vida, com amigos e parentes que nos presenteiam e ajudam muito. Conseguimos realizar alguns dos nossos mais desejados e melhores sonhos e projetos, porque também os planejamos. Não os de consumo que, verdade verdadeira, não são tão importantes assim.

A vontade de ser rico ainda existe. Imagine fretar um avião e levar para uma viagem pessoas que você sabe que iriam adorar conhecer outros países, culturas e costumes! Ajudar quem precisa de um carro pra poder trabalhar, uma casa pra ter sossego, pagar escola/faculdade, plano de saúde, apostar em talentos... Estamos falando em poder, não de ter o poder, embora, nem sempre as duas coisas possam ser dissociadas.

Minha casa... fone...
 Gostaria de ser rico pra ser um mecenas ou um investidor. Dinheiro não é tudo, mas que ele facilita, facilita. No filme “A Rede Social” (David Fincher-2010), que reporta a vida de Mark Zuckerberg, o criador do Facebook, em determinada altura, surge a figura de um “investidor anjo”. Alguém que tenha muuuiiito dinheiro, e que pode investir em seu talento e/ou nas suas boas ideias.


Olá, sou um investidor anjo
Em nossa viagem pela Europa, em 2011, estivemos bem próximos de alguém com esse perfil, mas não era um ser “mais” vivente. Era apenas uma estátua, um monumento de Lourenço de Médici (Lorenzo, Il Magnífico). Foi lá em Florença, na Itália, e esse Lorenzo (1449-1492) foi um poeta e estadista italiano, figura chave do Renascimento e apoiador de artistas contemporâneos seus como Michelangelo e Botticelli, entre outros. Era poderoso e rico e rejeitava a religião e a vertente escolástica, em busca da valorização e da pesquisa em busca do sentido da vida. É legal registrar que Lourenço (ou Lorenzo), não era apenas um apoiador cultural. Ele tinha uma participação intelectual ativa nas atividades que promovia.




Para ele, o homem era o centro de tudo. Lógico que enfrentou muitos problemas por conta disso, mas entrou pra história da humanidade como um personagem que fez ela, a humanidade, andar pra frente e se libertar de arquétipos e conceitos que precisavam mesmo ser ultrapassados. Porque a fila anda.



Então, resta encompridar só mais um pouquinho mais essa conversa pra dizer que aqui no Tyrannus tem um xará do Lorenzo, cujo bolso ou algibeira, são totalmente incompatíveis com o do italiano célebre. E assim termina nosso papo de hoje que, discretamente, esbarra no sonho/vontade de ser/encontrar um investidor anjo. Pois acreditamos que eles existem.

E ao encontrar um, como anjos têm asas, torcemos pra não ouvir o farfalhar de seus membros emplumados quando chegar essa hora.

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