segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Osso duro

Há pessoas que incomodam. Gente que é problema e que arrebenta a boca do balão quando solicitado ou não... Nas suas relações é muito provável que você tenha alguém que assim possa ser rotulado. Não é fácil de lidar com isso. Agora, quando esse cidadão ou cidadã “impossível” é um artista, aí sim... danou-se.

Marcelo Mirisola é o cara. Escritor paulista contemporâneo. Tava precisando ser lido aqui em casa. E foi. No meio literário é inapropriado confessar nunca ter ouvido falar desse sujeito. Faz horas, anos..., que ouvimos falar dele. No final do ano passado, um texto no site “Congresso em Foco”, sobre os males da boa literatura; e depois a descoberta de que um de seus primeiros livros se chama “Fátima fez os pés para mostrar na choperia” (talvez lá na choperia do Sesc Arsenal). Argumentos infalíveis pra conhecer mais de perto suas letras.



O único título que encontramos nas livrarias que percorremos foi “Memórias da sauna finlandesa” (Editora 34 - 2009). Devorei o livro facilmente. É bem fininho e o tipo de texto pode ser comparado com um ditado/provérbio das antigas: escorrega lá vai mais. Foi que foi. E já estamos à cata de outras obras.

Mirisola, percebe-se, tem uma notável formação literária. Mas nunca se rende aos próprios conhecimentos. Sua língua/letra é afiada. Não pede licenças e nem faz concessões no exercício de sua liberdade textual. Talvez seja mais ou menos por aí o tal do “desencaralhamento” atribuído ao autor por Reinaldo de Moraes, escritor moderno que goza de grande fã clube, em texto que apresenta “Memórias da sauna finlandesa”.


Não sei muito e nem quero ficar pensando sobre que escrever em torno da obra de Mirisola. Talvez seja melhor tentar imitar falsamente o estilo do cara e rezar pra que ele jamais se descubra aqui. Sua literatura dizem que é influenciada pelos prêmios e o dinheiro que nunca ganhou sendo escritor. Mas sei que seu texto é muito mais que isso.



A realidade do século XXI é narrada de forma ácida e sincera nos escritos de Mirisola. Torço para que a Mariana Ximenes não leia pelo menos um dos contos de “Memórias da sauna...”. Melhor assim. “Quero que o meu leitor se foda e o crítico também”, disse ele. Não deu certo comigo. Seus contos me divertiram bastante.



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