quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Negócio de alma$

Você entende de almas? Será que existe alguém que entende verdadeiramente dessa coisa abstrata que nos acompanha durante a vida? Há uma farta literatura científica e fictícia a respeito dessa “entidade”. Mas, desconfiamos que o superlativo em torno da alma tem muito mais a ver é com mistério mesmo.
“21 gramas” (2003), filme de Alejandro González Iñárritu, tem seu título baseado no suposto peso da alma... Mas o filme em questão é outro: “Almas à Venda” (2009).  Assistimos em três sessões: uma parte na noite de terça, outra na tarde de quarta e os cinco minutos finais agorinha a pouco. E já partimos para o post. É aquela boa nova que ficamos loucos pra compartilhar? Pois é...!

A presença do ator Paul Giamatti, um ator incrível, foi o primeiro atrativo para conferir Almas à Venda, classificado como comédia. Aviso aos incautos navegantes, não é bem assim. Há uma impressionante carga dramática no filme. Giamatti interpreta a si mesmo, na história de um ator em crise por não conseguir interpretar a contento o personagem do complexo drama de Tchekhov, Tio Vânia. Quase desesperado, decide procurar apoio num “armazém de almas”, por ponderar que suas dificuldades profissionais são oriundas de problema muito no interior do seu ser. E o faz.



Schopenhauer ou Dostoiévski?
Envolve-se numa trama de ficção (científica?) que gera situações que seriam cômicas se não fossem dramáticas (e vice versa), e de suspense. Todo o aparato concebido pelo roteiro a respeito do negócio das almas e a tecnologia para retirá-las, armazená-las, e o submundo do tráfico das almas é mostrado com impressionante naturalidade. O espectador fica convencido e seus questionamentos e atenção são focados na curiosidade que o desenrolar do roteiro vai gerando, enquanto a história se encaminha para o final.



Filmar uma história que oscila entre o irreal e o surreal como esta sugere um risco muito grande para quem dirige. Qualquer coisinha sobrando ou faltando pode motivar um desastre. A diretora e roteirista Sophie Barthes, neste seu primeiro longa, parece ter seguido sua intuição feminina (quem sabe sua alma) para valorizar sua direção que é pautada na precisão da fotografia, trilha sonora, direção de cena, montagem.
Sophie Barthes, no set
A gente posta o texto e sugere que todos assistam, antes que partam deste para o outro mundo onde, quem sabe, essa conversa de alma será passada a limpo. E aproveitamos para solicitar que ninguém avise ao Cid Nader, crítico de cinema, que assistimos ao filme a prestação, e em casa.  
Foi difícil fotografar a alma (rs)...

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