terça-feira, 15 de novembro de 2011

Cuiabá contra corrupção

 Fazia tempo que não tinha um dia assim em Cuiabá. A chuva começou a cair na noite de segunda-feira e se estendeu ao longo de toda a terça. Dia cinza. Monocromático. Cuiabá sem sol não é Cuiabá. Dentro de casa, as telas dos nossos artistas iluminam nossos olhos, guardam a luz e a força do astro rei.
É só amainar a chuva pra uma revoada de aleluias ou siriris (cupins vestidos de noivas) inundar o ar. Em voos alucinados buscam seu par. Quando encontram, despem-se de suas asas nupciais, que não são mais necessárias. São reis e rainhas de um império que começam a construir.




Chuva branda, que nos remete à função da água de limpar, lavar e fazer escorrer pelo ralo uma parte mais emporcalhada da história brasileira: a corrupção. Uma centena de pessoas, mais ou menos, não fugiu da chuva e compareceu à Marcha Contra Corrupção, na velha Praça Ipiranga. O coreto da praça foi tomado de assalto pelos manifestantes e para lá convergiam as atenções de todos. Hipoteticamente, seriam apenas 98 pessoas, se excluídos os dois representantes do Tyrannus que pontificaram.



Gente de todos os tipos em todos os sentidos. Muitos colegas e amigos da imprensa e, mesmo os que estavam trabalhando, expressavam uma certa dignidade, acompanhada pela revolta por ter que conviver com a impunidade que ainda é destinada a grande maioria dos corruptos. Tudo muito simbólico, na roupas e nos gestos. As manifestações pelo microfone, que estava livre, eram mais calorosas e se valiam da liberdade de expressão.

A Marcha, que aconteceu em várias capitais brasileiras, centraliza suas reivindicações em três itens básicos: o fim do voto secreto nos legislativos, a aprovação da lei da ficha limpa e tornar a corrupção crime hediondo. Cá com nossos botões e com um tiquinho de ingenuidade, mesmo que dissimulada, uma boa catracada no judiciário em níveis estadual e nacional, até que ia bem, já que, uma frase de efeito que tem acompanhado a Marcha é “a impunidade é a mãe da corrupção”. A respeito da expressão catracada, por favor, entendam da forma que quiserem.

Manifestação em Brasília

e em São Paulo, debaixo de chuva.
 “Fulano comprou São Pedro”... Disse-me um amigo jornalista logo que chegamos na Ipiranga. Ele mencionou o nome de um político, o qual, eu apostaria que mais de 99% dos nossos leitores deve saber de quem se trata, mas, seguindo a orientação de nossa equipe de assessoria jurídica e advogados associados que defendem os interesses de nossa jurisprudência, optamos por não registrar aqui o nome do político dito cujo.
Aqui no lar do Tyrannus foi assim. Enquanto uns foram pra Marcha Contra a Corrupção, teve "gente" que, depois de inúmeros ataques e perseguições aos siriris em revoada, repousa num sono tranquilo. A corrupção não é da índole dele, não está nem aí pra paçoca. Diferentemente do que disse um vereador no interior de São Paulo: a corrupção é da índole humana.

Um comentário:

  1. Caros leitores do Tyrannus.. tenho cá minhas concepções...porém existe controversias sobre se tentaram ou não subornar São Pedro a fim de boicotar a marcha brasileira contra a corrupção... há indícios de que a chuva veio mesmo como aliada, simbolizando a necessidade de lavarmos com princípios éticos o cenário político brasileiro! Mas qual é a sua opinião?!?
    (Cláudia Abreu Holmes)

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