quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Nojento!!

Nojo. Palavra estranha. Mas é daquelas que só de se ler, ou falar, já traz a força do significado. “Nóooojento...”. Leitores mais maduros deste blog hão de se lembrar desse bordão do humorista “Tião Macalé”, já ausente. Nossa... bordão, que palavra antiga!! Vai ver que tá em desuso,  mas a ressuscitamos aqui. Vamos “largá” mão de bordão, e voltar ao nojo. Coisa que todo mundo sente, mas que nem por isso chega a ser um sentimento.
Seria apelar demais aqui abrir o leque e citar tudo aquilo que dá nojo. Privada suja, por exemplo, é covardia. Em meus tempos de universitário, na porta de um banheiro, uma trova tão sincera, quase filosófica: “Em toda minha vida, nunca vi privada tão fedida assim. Não sei se estou cagando nela, ou ela cagando em mim”. 
Então passemos a algo mais light. Esses locais onde a gente arrisca quando tá brocado e encara, sabendo das consequências, o tradicional pastel de rodoviária, as rechonchudas coxinhas que gotejam óleo saturado, a porção de frango a passarinho, que temé mais pele frita que carne, o quibe cô ovo e, por falar em ovo, vale também os coloridos que bóiam lindamente em conservas liquefeitas.


Hoje, uma amiga contou-me trágico incidente que protagonizou na antiga Estação Bispo. Sedenta e encalorada, achegou-se a uma barraquinha em busca de uma garapa (ou caldo de cana) para arrefecer a goela.  Ao escorar no balcão, percebeu que a atendente estava abaixada e limpava as unhas do pé. Mesmo assim, pediu a garapa - tamanha a sede, porque acreditava que a mulher fosse lavar as mãos antes de recolher a garapa da cana e roubar a doçura desse mel. Qual nada. Das unhas dos pés, a bandida partiu para o preparo do caldo. E a sonsa da minha amiga, com vergonha, bebeu a garapa mesmo assim. Que nojo!       


Em outros áureos tempos, o chique Hotel Áurea tinha lá suas estrelas e era badalado. Essa dupla do Tyrannus foi lá numa de forrar o estômago com ligeira pompa. Era um prato simples, não me lembro qual, mas tinha o recorrente purê de batatas. E eis que nos servem um purê assim... meio vencido. Tava azedo, sejamos francos. Chamamos o garçom e informamos a situação. Ele sumiu pros lados da cozinha, demorou alguns minutos e de lá voltou com a cara mais lambida do mundo e com uma conversinha bem esfarrapada: “Olha, não é que o purê tá azedo... Ele só está um pouco mal feito”.  Purê de dar nojo, desculpa nojenta.



Nessa história de nojo temos alguns clichês. Cabelo na comida... eccaaaa. Uma touca e até um boné bem ajambrado na cachola reduzem bastante o risco. Outro dia (sem querer) vi a Ana Maria Braga preparando uma receita sem nada prendendo os cabelos. Depois, lembrei-me ter visto a Nigella mandando bala num petisco com as madeixas soltas. Pensei bem e cheguei à conclusão que não existe imparcialidade. A Nigella pode. A Ana Maria Braga não. Falando em cabelo, coisa mais desagradável é pegar num sabonete peludo, entendeu? É o ó!


Outras coisas me enojam, como por exemplo, um barulho. Aquele ruído característico de uma barata sendo pisada. Alguns pequenos animais são bem nojentos. A mosca que pousou na minha sopa, as baratas que não me deixam ver suas patas, as pulgas que habitam minhas rugas e os ratos que entram nos sapatos dos cidadãos civilizados. São todos escrotos.


Não perdôo a cor fosforescente das moscas zumbideiras a varejo: de tão lindas!!! Nunca comi escargot e não sei se gostaria de ter essa oportunidade. Mas acho errado cismar com acepipes extravagantes. Vou de ostra, sem ostracismo. 
  

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