sábado, 8 de outubro de 2011

Barbas de molho

Elegemos as sextas-feiras para colocar nossas barbas de molho. Deus escolheu o sétimo dia para descansar; escolhemos o sexto dia da semana, o dia internacional da cerveja, para descanso e devaneios. Colocar a barba de molho é um provérbio espanhol: “se a barba do seu vizinho está pegando fogo, coloque a sua de molho”, ou seja previna-se. Nossa prevenção é o descanso.
Aqui em casa não tem nenhuma mulher barbada, mesmo com dois pelos insistentes que são fulminados à cera quente ou a pinça. Quem deveria ter barba, passou por certa “humilhação”, quando jovem: “O sujeito olhou bem para o meu rosto e sapecou lá no documento: imberbe. Foi assim que fui apresentado a essa estranha palavra, na adolescência. Lógico que fiquei putíssimo, porque adolescentes costumam gostar de ter barba. E naqueles tempos eu era mais normal, coisa que ainda sou um pouco”.
Madame Clofullia, com sua barba à la Napoleão, ganhou um diamante 
Assim iniciamos o tema de hoje: aqueles pelos que nascem nas faces, queixo e pescoço dos homens, geralmente, quando entram na adolescência, e que quando nascem na face das mulheres elas se tornam atração de circo.






A barba, uns a têm demasiado, outros não. Voltando ao tom confessional, intimista, reconheço agora, depois de velho, que foi melhor mesmo não tê-la. Dá uma trabalheira, machuca, encrava e outras consequências desagradáveis. Barbeiro é uma profissão em declínio, coisa de antigamente e de cinema... sentir a lâmina da navalha no rosto ou garganta... nem pensar! Também não gosto dos barbeadores elétricos (não confio na dupla eletricidade x água, é algo que me causa arrepios). E aparelhos de barbear enferrujam e, quando são usados indevidamente por outra pessoa que “não digo quem é”, fico muito puto.


É preciso dar mais abrangência à expressão barba, na tentativa de não deixar nada pra trás. Isso quer dizer que ela, a barba, não é característica apenas do ser humano. Milho tem barba? Sim, tem e é usado na medicina popular como diurético, embora algumas pessoas digam que aquilo é cabelo. E bode também tem barba. Tubarão é outro bicho, bichopeixe, que tem barba... Ué, se tem barbatana, tá lá a barba. Tem mais peixe que remete aos pelos faciais masculinos, o barbado. Pertinho daqui tem um córrego, hoje super poluído, chamado “Barbado”. Pra ter peixe no rio é preciso despoluir os córregos da área urbana. Ações politiqueiras e paliativas como repovoar rios com peixes, não servem pra nada, se não melhorar a qualidade das águas. Vamos cuidar do Barbado, Gumitá, Mané Pinto e mais uma dezena de córregos de Cuiabá e adjacências. Tem também, com esse nome, um lugar chamado Barbados, no Caribe.



De volta ao reino vegetal: o barbatimão é uma árvore comum do cerrado, hoje quase incomum, porque o cerrado de Mato Grosso é o paraíso da (ou do) soja. O barbatimão, tem propriedade adstringente, ou seja, ele aperta e estreita os tecidos. As mulheres da zona rural, que pariam muitos filhos, e aquelas que perdiam a virgindade, tomavam “banho de assento” com barbatimão pra ficar mais apertadinhas. Há também outra espécie vegetal, que um político das antigas costumava dizer "o cerrado não presta pra nada... só pra capim barba de bode”. Olha a barba recorrendo novamente.



Riqueza do cerrado: capim barba de bode
A barba vem acompanhando o homem e provocando polêmicas ao longo da história da humanidade. Alguns gostam, outros não. Já esteve muito mais nada moda na época dos trogloditas, achamos, porque praticamente todos os homens a ostentavam naquelas priscas eras. "Pelas barbas do profeta", dizia o locutor de futebol Sílvio Luís, de onde deduzo que na Era Cristã a barba também estava na moda.
Locutor que evoca as barbas do profeta, na hora do apuro

As barbas podem variar na coloração, segundo o personagem. Para Papai Noel, barba branca. Para Frederico, manda-chuva do império romano-germânico (1152-1190), Barba Roxa. Rasputin Barba Roxa, outro cara, praticante de luta livre nos anos 60 e 70. Já para o personagem de Charles Perrault, escritor francês que viveu no século XVII, Barba Azul.



O Barba Azul, serial killer 

Terror dos mares: Barba Negra

Clóvis de Matos: Papai Noel que presenteia livros
De barba, vem barbeiro. Lá na Espanha, há muitos anos, alguma coisa inspirou Gioachino Rossini a escrever a ópera bufa "O Barbeiro de Sevilha", mais conhecida como Fígaro. Sacanagem... foi parodiado para  "O Barbeiro que se vira", um filme gay. 
Pica Pau em "O Barbeiro de Sevilha"
Lula, nosso último presidente era chamado de sapo barbudo, pela oposição. O uso de barba foi uma marca da esquerda brasileira. Para dar um ar filosófico vamos tascar uma frase do polêmico Schopenhauer: “A barba, por ser quase uma máscara, deveria ser proibida pela polícia. Além disso, enquanto distintivo do sexo no meio do rosto, ela é obscena: por isso apreciada pelas mulheres”.
Schopenhauer: Barba não pode, costeletas pode!

Pronto, barba feita. Agora, se fosse pra se completo seria “barba, cabelo e bigode”.


Nenhum comentário:

Postar um comentário