sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Steve Jobs e a obsolescência

Steve Jobs. Esse é o cara. Nesta semana uma falação infernal sobre o sujeito, aquele mesmo. Meio arquiinimigo e um pouco falso amigo do Bill Gates. Mas Jobs, cujo nome é trabalho, renunciou o cargo de presidente da Apple, que ele mesmo fundou em 1970. Fica a dúvida: qual deles? O empresário, dono da maior parte das ações da Apple? O visionário, com a mente a 10 ou 100 anos na frente dos demais mortais? Ou aquele com problemas iguais a todo mundo?

Apostamos que o mundo corporativo pensa no Steve Jobs empresário, milionário, audacioso e criativo, capaz de elevar uma marca à estratosfera. O séquito fiel de admiradores pensa no Jobs esteta, onde design, funcionalidade e elegância são fundamentais para seus inventos caírem no gosto do público. Não imaginamos quem pensa no Jobs humano, demasiadamente humano. Só ele mesmo, decerto, quando vai vestir a camisa preta de mangas longas, de gola falsa (St. Croix), sua calça jeans (Levi’s 501) e o tênis (New Balance).


Jobs é chique. Tipo bom gosto predominante. "Pra você dormir bem a noite, a estética, a qualidade, precisa estar em todos os lugares". Ele nasceu em 1955 na Califórnia, filho natural do sírio Absulfattah Jandali, estudante e depois professor de ciências políticas, e de uma jovem americana. Tem uma irmã natural, a romancista Mona Simpson.  Segundo o próprio, foi rejeitado duas vezes: a primeira, pelos pais, que o deram para adoção; e depois pela família que o adotou: eles sonhavam e desejavam uma menina. Claro que deu a volta por cima e se tornou um ícone destes tempos de bytes, chips, memória ran e o escambau.




A tal da geração Y, essa juventude que nasceu interneteira, deve muito a ele. Deve, que eu escrevo, é porque as maravilhas do crediário permitem que novos e novos produtos de alta tecnologia sejam adquiridos em espaços irrisórios de tempo, antes mesmo do produto anterior, que será substituído, se tornar imprestável. Daí que o nome de Jobs, comumente, é associado com a obsolescência programada, uma expressão que descarta explicações. Descartar, aliás, é o verbo.


Persuasão, carisma, temperamental, agressivo, exigente, egocêntrico... São características descritas pelos amigos e companheiros de Jobs, que não consome outra carne que não seja peixe. Quando jovem foi à Índia em busca de iluminação espiritual, voltou budista e fã de LSD. Diferente de Bill Gates não é filantrópico, muito pelo contrário: Ao retornar à Apple em 1997 (ele tinha se afastado em 1984), eliminou todos os programas filantrópicos da empresa.  Algo curioso que ouvimos sobre ele é que a qualidade e a estética imprimida aos produtos da Apple acabaram fazendo com que toda a mídia mundial trabalhasse para o marketing da empresa.


Pois é. Na última quarta-feira ele declarou seu afastamento voluntário do comando da Apple. Foi o suficiente para a empresa tornar-se a maior do mundo de capital aberto. 
  

Seria o legado de Steve Jobs a obsolescência programada, que faz com que o nosso amado aparelhinho envelheça (num estalar de dedos) ao surgiu um novo modelo, que nos envergonhe por estar ultrapassado ou que planejemos descartá-lo por outro I (pod/pad) da vida? A frase abaixo é dele e não é nada descartável: “Você pode encarar um erro como uma besteira a ser esquecida, ou como um resultado que aponta uma nova direção”.


Os prazos de validade de uso e de desejo estão cada vez menores; desejamos, desejamos o novo como se fosse uma paixão avassaladora, indispensável. Não é bobagem sofrer por isso? Quais são os nossos desejos? É bom dar uma pensada nisso.






“O mundo é suficientemente grande para satisfazer a necessidade de todos, mas é demasiadamente pequeno para a ganância de alguns”. (Gandhi)



Um comentário:

  1. compartilho do seu pensar sobre Jobs.....e nos faz pensar o quanto a vida e nosso corpo é fragil.

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