domingo, 17 de julho de 2011

Fica assim...

A história que se segue foi ou deveria ter sido inventada, nada tendo a ver com situações e personagens reais. Algo que se assemelhe à realidade terá sido a mais pura coincidência. Ela diz respeito a um casal que será apresentado sem mais delongas já no próximo parágrafo. O relato dá pistas de algo adaptado para uma linguagem mais burlesca, a partir de um romance de costumes do século XIX. Os originais que nos chegaram às mãos, uma única folha amarelada pelo tempo e rasgada, provavelmente de um velho livro, é o que nos faz pensar dessa maneira.

Virou as costas e saiu... A sra. Faca & Queijo ficou estupefata com a atitude do sr. Assim Assado. Não era a primeira vez que discussões desse tipo aconteciam. O relacionamento conturbado, no início, dava resultados explosivos na cama, assim como pólvora e fogo. Bons tempos. Agora, depois de todos esses anos, as brigas e discussões acabavam com um “deixa pra lá” e cada um a seu modo ia pra um lado ruminar até esquecer.

O sr. Assim Assado parecia que ter saído direto do túnel do tempo. Vestia, costumeiramente, um terno escuro, sapatos de couro e um chapéu amassado. Achava-se parecido com o poeta Fernando Pessoa. Mas, atrás dessa aparência calma e plácida, como um lago, existia dentro dele um mar revolto. Estava sempre a pensar em camas de folhas e flores e sobre elas corpos voluptuosos, ardentes, suados, macios... sentido pelo leve e delicado toque da boca e língua.



A sra. Faca & Queijo descendia de família de estirpe. De um lado, tinha o sangue europeu, que lhe forjara o caráter franco, aberto e desbocado. Do outro, não se sabe de onde provinha a origem que ela gostava de esconder. Mas o estilo e a tradição desse lado apontavam para o “tar do remoer”, olhar desconfiado, do jeito de pescar coisas e palavras ao léu e de encompridar aquela conversinha fiada que a nada leva.



Meio que perdido, o sr. Assim Assado pegou a rua e foi andar. Pensou em botar lenha na fogueira. Voltar e dizer a sra. Faca & Queijo que estava farto, que não aguentava mais sua língua afiada e seu coração frio. Deu de ombros. “Deixa pra lá”, essa não muda mais. Do outro lado, a sra. Faca & Queijo pôs-se, irracionalmente, a trabalhar. Pensou em cortar-lhe primeiro os culhões, depois o pênis morto de medo, e pendurá-los em cima do fogão a lenha, para defumar. “Mas, quá! agora quando que iria fazê isso...” Pensou, repicando com destreza os dois grandes bulbos brancos, que a faziam derramar uma imensidão de lágrimas.




E foi assim com a visão turva pelas lágrimas que sentiu o calor do corpo do sr. Assim Assado, abraçando o seu, quase “carcando-a” por trás. Ao pé de seu ouvido lhe disse: “Querida, esqueça ou não esquenta... tudo vale a pena, se a marmita não é pequena”.



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