sábado, 4 de junho de 2011


Parece que foi ontem que o mundo migrou do analógico pro digital. Acho que foi no início dos anos 90. De lá pra cá, quase todos os dias, levamos uma nova surra dessa tão bem vinda, quanto maldita tecnologia. Esse troço escraviza a gente e chegou pra ficar. Lembro-me que ouvi uma história, sobre um guri de quatro ou cinco anos, todo tímido no colo do pai e que quando viu uma máquina de datilografar, pela primeira vez, perguntou: Pai, cadê o enter?

Lidar com o digital pra esses que nasceram a partir dos tempos do computador, com a internet a tiracolo, é fichinha. Pra nós, que fomos batizados no mundo analógico, não é bem assim. Compramos hoje um lap top, ou notebook? Nem sei direito. Sei que não é um Ipad, palm top ou o caralho a quatro.

O primeiro computador que aportou aqui em casa, um dinossauro tipo 286, veio do Rio de Janeiro, entrou com toda pompa e circunstância pela porta da frente, de braços dados com a impressora matricial. Depois fizemos uma viagem e, na volta, clandestinamente (estilo muamba), trouxemos devidamente mocozado um 386, última geração, de São Paulo, no final dos anos 80. Por conta desse imbróglio curtimos dias de glória em aparthotel chiquérrimo, almoços e jantares magníficos (um deles no Fasano), muito teatro e cinema, companhia de primeira e boca livre!!!!!




Tomamos jeito na vida. Com dois filhos a internet discada chegou com a discórdia. Era uma merda... aquele barulhinho infernal e  conexão malhada. Gritos e muito choro de raiva. Quando nos lembramos dessa época, rimos muito, mas com cuidado, pois um riso a mais é motivo suficiente pra uma nova desavença. Família... o tempo passa, mas não muda.

Depois disso tudo acostumamos com as inovações tecnológicas. Necessário e normal substituir a internet discada pela analógica e depois pela digital... banda larga, com velocidade mais rápida. E a parafernália crescendo: modens, placas mães, HD externo, monitores, webcans, pendrives e muitos metros de fios e cabos... não sentimos o tempo passar. A única certeza que temos é que tudo é substituível por um melhor, mais rápido, com maior capacidade e que não conseguimos nunca nos atualizar. Sempre há um novo, melhor, que foi lançado ou será.  Lixo tecnológico. Aqui em casa há um lixão. Um monte de periféricos acumulados. Há um lugar que recebe essa velharia, temos que nos desfazer disso.






Compramos mais um, porque escrevemos separados. Combinamos malemazinho um tema e, quando prontos os textos são ajojados. Às vezes se encaixam, feito um quebra cabeça. Outras se aloitam pela identidade. Daí, são paridos. Uns mais fáceis, outros nem tanto. Quando ganham vida própria se autodefinem.




Enquanto o “novo” é digitalmente amaciado e penetrado (coisa da sensualidade feminina), isolei-me e fiquei brincando com um troço mais antigo, que prefiro dez mil vezes a um computador: um violão. Computador, vocês sabem, é coisa exigente. Você vai teclando e ele vai pedindo isso e aquilo. Nem sempre dá certo e aí chamamos os universitários.

Outro dia o Vítor, para nos dar uma força, postou no seu facebook: “Eis o blog dos meus pais, que são velhos e tecnofóbicos, mas os textos são novos e interessantes, uma fuçada não mata ninguém, com certeza terá algo de proveitoso pra você!”. Gostamos, apesar do "velhos e tecnofóbicos". Se magoamos!!!!

"Assim caminha a humanidade"

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