quinta-feira, 17 de março de 2011

Um assunto que esquentou a mídia ontem foi a aprovação de um projeto com verbas públicas, coisa de 1,3 milhão, mais ou menos. A grana é para viabilizar um blog onde o cineasta Andrucha Waddington, autor do projeto “O mundo precisa de poesia”, vai dirigir o mito Maria Bethânia Teles Viana Veloso. Segundo o diretor serão tantos posts, quantos forem os dias do ano.


É minha lei, é minha questão
Não pretendo falar especificamente disso. Essa relação cultura e bererê dá muito pano pra manga. As opiniões são controvertidas e parece não haver uma fórmula ideal para repartir o incentivo público aos produtos das artes, sem que no caminho mortos e feridos sejam ou se sintam injustiçados.

Há vários anos me envolvi nessa de gestão cultural e garanto: não é coisa que recomendo para hipertensos. Como editor de cultura, volta e meia, ouço denúncias, desabafos, desafetos e comentários de toda a sorte contra projetos e incentivos aprovados. Quase sempre aqui no nosso mundinho regional. Ouço os questionamentos mais por educação e por amizade, mas não me atrai investigar essas questões. Essas coisas, quero crer, devem e podem ser endereçadas diretamente ao Ministério Público. Esse é um hábito que precisa ser criado.

Protegido  da "cosa nostra", vai encarari?
O que mais me chateia é quando meus interlocutores entram nessa seara já de cara dizendo... “ah, o meu projeto meu foi recusado, enquanto o de fulano e o de beltrano, que não tinha nada a ver, foi aprovado”. De cara já se percebe que o reclamante está raivoso por um motivo pessoal e chutou o caráter coletivo que o incentivo cultural precisa ter pras cucuias.

Algumas vezes fui questionado e meio que sugerido para ser conselheiro de cultura. Cá com meus botões: vôte, cobra d’água... Avaliar trocentos projetos, me expor a picuinhas e vaidades da classe artística e, ainda por cima, não ganhar nenhum jeton?! Tô fora.

Bem, mas voltando ao projeto da Bethânia, agora me deu na telha falar sobre isso, acho que 1,3 milhão para um blog, parece coisa que não combina mesmo. Ou será que meu conceito de blog tá muito desatualizado? Fico pensando, será que é tipo uma aposentadoria pra baiana do mano Caetano? E pelo que sei, muitos medalhões da MPB, gente com carreira cristalizada e público certeiro, entra ano, sai ano, acaba se beneficiando com o din din público. Isso é muito complicado e, às vezes, cheira a mamata.  


O mecenas
Na história da arte, teve um cara que foi um mecenas supimpa.  Lorenzo de Médici, meu xará, viveu no século XV em Florenza, riquíssimo, influênte que protegeu vários artistas de sua época , excelentes opções e inquestionáveis. Foi contemporâneo de Leonardo da Vinci (que não apoiou), Michelangelo e Dante Alighieri.


De Florença, para Cuiabá. Mato Grosso. A lei estadual que incentiva a cultura também não consegue agradar gregos, troianos, cuiabanos e outros. Mas já foi muito pior, vale lembrar. Houve um tempo em que essa lei patrocinava projetos como o Micarecuia e o Bloco do Mingau, eventos que, convenhamos, não têm um perfil cultural significativo.  Vai um abadá aí, ô meu?!


A última mudança em nossa lei aqui, que também não agradou a todos, foi a volta do secretário de Estado de Cultura como presidente do Conselho. Vejá lá, hein Malheiros... A gente tá de olho.   





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