sábado, 19 de março de 2011

Parece o que?
Sábado. Dia especial para olhar a lua. Neste 19 de março aconteceu algo que a tornou a maior já vista, desde março de 1993. O diâmetro do satélite no céu ficou 14% maior. E seu brilho em torno de 33% mais intenso. Mais sorte de quem a observou distante das luzes artificiais, em regiões mais escuras – áreas rurais, por exemplo, onde o esplendor lunático foi surpreendente neste dia. Um ‘luar do sertão’ é o que me vem à cabeça.

Então, estamos falando de uma noite pra se deleitar com esse visual, apesar de que o poeta Aclyse de Mattos titulou um de seus livros com a expressão “Quem muito olha a lua fica louco”. E eu acredito. Pelo menos um pouco. E essa história de ficar com o olhar muito suspenso pode até gerar um incômodo torcicolo.

Para nós, brasileiros, São Jorge tem tudo a ver com a lua. Mais uma contribuição made in África que emplacou aqui no Patropi. “Lua de São Jorge, lua maravilha/Mãe, irmã e filha de todo esplendor/Lua de São Jorge brilha nos altares /Brilha nos lugares onde estou e vou/Lua de São Jorge brilha sobre os mares/Brilha sobre o meu amor”. Diz a canção do Caetano.


É sabido que o homem conquistou a lua, mas eu acho que é ela que vive nos conquistando com sua beleza redonda, protagonista da plástica celestial do universo. E como nos influencia cá na terra. Acho que não há etnia, povo, sociedade ou qualquer outro tipo de agrupamento humano que não tem lá suas relações e significados singulares em torno dela. Cada um no seu estilo. Se eu fosse um licantropo, hoje, por exemplo, viraria o bicho.


"Quando a meia noite me encontrar..."


Será que é possível que neste mundão desporteirado existe algum fotógrafo que nunca clicou a lua? Claro que a gente arriscou uma foto e a postou aqui. A constatação foi a de que o brilho lunar nesta noite, com a nossa máquina simples e nossos conhecimentos precários da arte de fotografar, mais parecia o de uma luz artificial.









"Não há o gente oh não luar como esse do sertão"

A lua e o horóscopo têm um envolvimento enigmático para nós, não astrólogos. Talvez daí venha a expressão que fulano ou sicrana está ‘de lua’.  Lembro-me da minha adolescência, quando descobri a poesia e meu sentimento de mundo mudou radicalmente. Lia aqueles poetas românticos brasileiros e, volta e meia, surgia a lua no entrevero dos versos. Eu achava aquilo fantástico e meio mágico. Depois conheci uns versos de Fernando Pessoa que me puxaram para o mundo real e menos poético. Sabe, pode parecer incrível, mas a poesia também faz a gente cair na real.   


Mr. People
O luar através dos altos ramos,
Dizem os poetas todos que ele é mais
Que o luar através dos altos ramos.
Mas para mim, que não sei o que penso,
O que o luar através dos altos ramos
É, além de ser
O luar através dos altos ramos,
É não ser mais
Que o luar através dos altos ramos.  


E acabou-se. A lua que se arriba na noite, daqui a pouquinho, declina. Eu trago na memória uma coisarada infinita sobre a lua... Eu não devia te dizer/mas essa lua/mas esse conhaque/botam a gente comovido como o diabo”. Valeu, Drummond.

  

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